CD'S

Sonhando o Brasil

Ricardo Herz – composição, concepção, violino, rabeca e vozes

Pedro Ito – bateria e percussão

Fábio Leandro – piano

Participações: 

Léa Freire – flauta

Tatiana Parra – vozes

Zé Luís Nascimento – percussão

1 Coco Embolado 6:39  BRRZ72400001 

2 Afrosudamérica 6:00 BRRZ72400007

3 Dicharachero (Alegre) 5:17  BRRZ72400003 

4 Cenas do Magrebe 5:50 BRRZ72400010  (Feat. Tatiana Parra – voz)

5 Melodiemonos 5:40  BRRZ72400005 (Feat. Léa Freire – flauta)

6 Siribobéia 7:31 BRRZ72400009   (Feat. Tatiana Parra – voz)

7 Sombo Chambado 4:04 BRRZ72400002   (Feat. Tatiana Parra – voz, Zé Luis Nascimento – percussões)

8 Sonhando o Brasil no Frevo 6:39 BRRZ72400004 (Feat. Léa Freire – flauta e flauta baixo)

9 Cavalo Marinho 6:53 BRRZ72400006 

10 Pé Desliza 04:56 BRRZ72400008 

Gravação –  Daniel Tápia (Estúdio Arsis) . Gravações adicionais – Adonias Jr. (Estúdio Arsis) , Ricardo Herz (Tati Parra e rabecas, no homestudio do Herz ) e Zé Luís Nascimento (percussões , no homestudio do Zé)

Ouvido externo e conselhos de produção – André Magalhães

Mixagem – Ricardo Mosca

Masterização – Carlinhos Freitas

Fotos – Gabriel Boieras

Design gráfico –  Bel Andrade Lima

Produção Executiva – Marina Herz (Herz Produções)

Afrosudamérica 6:00 (Vassi) BRRZ72400007

Ricardo Herz – violino e composição

Pedro Ito – bateria e percussão

Fábio Leandro – piano

Essa composição eu fiz inspirado no ritmo Vassi, que vem da grande tradição da percussão religiosa afro-brasileira (o Pedro começa a música com essa clave e  faz um solo em cima dela no final). Quando comecei a compor o tema, em forma de oração em cima da clave, percebi que vários acentos e inflexões da melodia me remetiam a ritmos sul americanos, daí o nome. No momento do solo, me veio a vontade de usar também o espírito do blues… ficou uma mistura de diversas influências africanas nas Américas. 

Dicharachero (Alegre) 5:17  (Merengue venezuelano estilizado) BRRZ72400003 

Ricardo Herz – violino e composição

Pedro Ito – bateria e percussão

Fábio Leandro – piano

A música tradicional latino americana é baseada na dança. É raro que a nossa dança use ritmos ímpares fora o 3… uma exceção é a do Merengue Venezuelano , que tem um compasso de 5 tempos, que soam como uma valsa meio torta. Essa música eu fiz inspirado nesse ritmo. É uma inspiração, somente. Depois a ideia foi a de misturar com as minhas referências brasileiras, né? Nessa o Pedro Ito usou percussões no começo. Eu adoro esse jeito do Pedro de misturar muito organicamente a percussão com bateria. Solo lindo do Fábio, no Final, também. Valeu, meus irmãos de som. 

Cenas do Magrebe 5:50 (Chacarera/Chaabi) BRRZ72400010

Ricardo Herz – violino,  composição e vozes

Pedro Ito – bateria e percussão

Fábio Leandro – piano

Part. esp: Tatiana Parra – vozes 

Eu conheci o ritmo do chaabi quando estudei na França, na escola do Didier Lockwood, o CMDL. Esse ritmo é originário do Magrebe, a região do norte da África onde fica a Tunísia, Argélia e Marrocos. Eu adorei o ritmo, principalmente a leitura dele que faz o grande baterista Karim Ziad. Eu ouvia sem parar os discos dele. O Karim dava aulas lá no CMDL e chegamos a tocar juntos em alguma aula de música de conjunto em que faltou o baterista e vimos o quanto ritmos brasileiros tem parentesco com os ritmos do Magrebe. Não é à toa, já que a península ibérica foi dominada por 700 anos pelos povos mouros dessas regiões (inclusive foi uma época de ouro para a ciência e conhecimento). Nessa música eu me inspirei no chaabi mas fizemos uma mistura com um ritmo argentino, a chacarera, que acho que tem super a ver também. Depois de gravar com o trio, coloquei em casa também o canto, palmas e um pandeiro marroquino e a Tati Parra colocou vozes. Virou uma festa multicultural. 

Sombo Chambado (Samba Choro ou Choro Sambado?) 4:04 BRRZ72400002 

Ricardo Herz – violino, composição e vozes

Pedro Ito – bateria e percussão

Fábio Leandro – piano

Zé Luís Nascimento – percussão

Tatiana Parra – vozes 

E a polêmica?  Samba choro ou choro sambado? Sombo Chambado, para dar mais polêmica ainda… Aqui um choro com ritmo de samba , que eu compus pensando no Jacó do Bandolim misturado com Laércio de Freitas. Nessa além do Pedro e Fábio, que arrasaram, tive a honra de ter as participações da Tati Parra na voz e Zé Luís Nascimento nas percussões. Que delícia poder ver essa  música crescer na mão de músicos e pessoas tão queridas. Obrigado pela amizade e por serem tão incríveis. 

Cavalo Marinho 6:53 (Reisado) – Homenagem ao Mestre Luiz Paixão e à família Barroso e Mestre Totó –  BRRZ72400006 

Ricardo Herz – violinos, rabecas e composição

Pedro Ito – bateria e percussão

Fábio Leandro – piano

Aqui vai uma homenagem ao mundo de reisados nordestinos (que muitas vezes, usam rabecas e violinos). Nessa aparece um de pernambuco (o cavalo marinho) e uma festa de reis do Ceará, que eu conheci através da família Barroso, de Cachoeira do Fogo. Eu conheci algumas toadas e baiões de cavalo marinho já faz alguns anos, nas mãos e rabecas do saudoso Mestre Luiz Paixão, grande rabequeiro da Zona da Mata, de Pernambuco (a música abre com uma citação que eu fiz de uma toada que eu conheci com ele). Mais pro meio da música, no solo, eu fiz também várias citações de “baiões de caretas”. No começo de 2024, quando eu e a Vanille e uma amiga (Anouk) fomos visitar essa família incrível, como pessoas e como artístas, a família Barroso. Seu Antônio, Zé e Toninho Barroso são grandes detentores da tradição de rabeca e das danças de lá. Nos mostraram não só o reisado de lá como fizeram um São Gonçalo fora de época para a gente ver. É um exemplo da generosidade do povo Brasileiro do interior. Muito obrigado a essa gente tão querida , generosa e musical – tanto os Barroso como o Seu Luiz Paixão (que também recebia tanta gente na sua casa). Esse é o Brasil que a gente sonha e quer. 

Uma outra curiosidade dessa faixa: eu tentei usar um temperamento e afinação nos violinos e rabecas que imita a que eu ouço nas rabecas do Seu Luiz – pro ouvido desavisado, pode soar “desafinado” , mas na verdade vários rabequeiros usam um outro tipo de temperamento, que tão um sabor único. Eu tentei chegar perto desse sabor. 

Destaque na gata pro Fábio Leandro e Pedro, também, que arrasaram nessa concepção de releitura psicodélica meio jazzística e egbertiana do cavalo marinho e “baião de careta”. 

Sonhando o Brasil – Ricardo Herz

Ricardo Herz – violino e composição

Pedro Ito – bateria e percussão

Fábio Leandro – piano

Sonhando o Brasil é um disco de celebração de um país imaginário. A nossa imaginação usa muito da realidade, claro, mas pra esse sonho de Brasil, eu escolhi o que o nosso país tem de melhor: a alegria, a espontaneidade, a dança, as melodias, o carinho, a receptividade, generosidade e o amor. 

Nesses tempos loucos em que vivemos, tanto interna como externamente, espero que a minha música venha cheia desse lado bom, militando pela celebração da vida em comunidade.  

Fizeram parte do disco amigos de longa data, amigos novos, ídolos todos, juntos realizando esse sonho de disco. 

É também um álbum de celebração de 20 anos de carreira, desde meu primeiro disco como solista (Violino Popular Brasileiro – 2004). 

Entre esse e o primeiro, fiz outros 9, que me transformaram muito como músico e pessoa, tocando e aprendendo com grandes artistas/amigos a quem devo tanto. 

A pandemia também nos transformou a todos. No meu caso, em casa com a Vanille, minha esposa e companheira, também violinista e rabequeira (com quem tenho um duo) tive a oportunidade de tocar e estudar muito e me aprofundar em áreas que só a não perspectiva de shows e urgências nos dá, com muita calma e objetivos a longo prazo. 

Tudo isso está refletido nessas novas músicas deste projeto. Mesmo tendo sempre o meu estilo, a minha cara, em cada passo a gente leva a bagagem toda que a gente vem pegando. 

O “Sonhando o Brasil”  foi um processo de artesanato do início ao fim: escrita do projeto, composições, demos, ensaios, concepções, gravação, capa, mixagem, edições, master, vídeos, produção. Tudo foi feito com muito cuidado e carinho – por todos os envolvidos, a quem agradeço de coração. 

Boa escuta, gente! Bora sonhar – e fazer – um Brasil e um mundo melhor!

Ricardo Herz

Agradecimentos: 

Tanta gente fez parte desse processo, dando amor, tempo, paciência e talento. Todos os da ficha técnica coloco abaixo e já a agradeço de novo.

 Agradeço a minha família, que sempre me deu apoio. Agradeço à Vanille, minha companheira de vida de música. Minha mãe, que está na ficha técnica, mas é muito mais que produtora, muito mais. Obrigado também às famílias dos integrantes, que nos incentivam tanto. Valeu, Benjamim Taubkin, e JazzB por abrirem os espaços na hora que precisávamos. Gustavo Magrão por me ajudar na primeira versão desse projeto. Daniel Tapia por ser parceiro sempre no áudio e pelos conselhos de nome de várias músicas!

⭐Esse álbum foi realizado com o edital Proac 2023. #proac2023

Coco Embolado 6:39   (Coco)   BRRZ72400001 

Ricardo Herz – violino e composição 

Pedro Ito – bateria e percussão

Fábio Leandro – piano

O coco é um gênero musical muito diverso. A gente chama de coco desde os de embolada (geralmente cantados improvisados, com o acompanhamento de um pandeiro) até os com banda de muitos instrumentos como os gravados pelo Jackson do Pandeiro, ou os cocos de terreiro, como os tocados pelo grupo Bongar, de Olinda, de quem sou muito fã. Nessa música eu fiz uma homenagem a vários. Tem uma parte que parece uma cantiga, com perguntas resposta, nos solos de bateria e de piano, usei um breque que ouvi nos shows do Bongar. No solo de violino pensei num improviso bem sertanejo e depois um coco de embolada. É uma grande homenagem às diversas possibilidades do coco.

 

Saiba mais do projeto “Ricardo Herz Trio

Melodiemonos 5:40 (Toada)  BRRZ72400005 

Ricardo Herz – violino, composição e voz

Pedro Ito – bateria e percussão

Fábio Leandro – piano

Part. esp: Léa Freire – flauta 

Eu tinha acabado de ler alguma notícia sobre uma guerra… um ataque que eu sabia que seria seguido de muita coisa ruim, sobre as quais eu não tenho nenhum controle…  eu pensei que o único controle que eu poderia ter era o de compor algo que chamasse à contemplação e à esperança. Uma melodia bonita.  Essa toada nasce da vontade de melhorar  um pouco a nossa vida. Pro disco, eu tive a super honra de ter a participação especial da minha ídola mor, a grandíssima Léa Freire, que dividiu a melodia comigo e com o Fábio e depois dividiu o solo comigo. Obrigado de coração, Léa. Por ter participado e pelas suas composições, que me inspiraram tanto. 

Siribobéia 7:31 (Maracatu em 7/4) BRRZ72400009

Ricardo Herz – violino, composição e vozes

Pedro Ito – bateria e percussão

Fábio Leandro – piano

Tatiana Parra – vozes 

Siribobéia é uma bagunça, uma situação confusa, no linguajar popular.  Essa música em ritmo de maracatu estilizado, no compasso de 7/4 . O maracatu já é um ritmo que te tira do chão de uma maneira muito inspiradora. Em 7/4, tira mais ainda. O primeiro tema é mais rítmico, baseado nas levadas de caixa e maracatu, nas melodias das músicas ímpares do Lenine, usando a melodia nas notas das tensões dos acordes. Na segunda parte, uma melodia bem cantada, alongada, que teve a participação da super Tati Parra, nas vozes, comigo, na segunda exposição. O solo do piano é dentro de um mantra de maracatu em sete. Nessa o trio todo sola. E prá fechar tem uma parte que foi composta assim: eu gravei uma levada (essa que usamos no final) e depois fiz um improviso livre de voz. Depois escrevi as frases e reaprendi com violino. Nessa gravação, além do trio, eu e a Tati gravamos vozes dobrando o violino e sublinhando as partes mais importantes das frases, como nas respostas que acontecem no rap. Gostei muito desse resultado. Ficou uma viagem. 

Sonhando o Brasil no Frevo 6:39 (Frevo/Instrumental) BRRZ72400004

Ricardo Herz – violino, composição e voz

Pedro Ito – bateria e percussão

Fábio Leandro – piano

Léa Freire – flauta e flauta baixo

Essa música, que dá nome ao disco, começa com um frevo um pouco caótico e com harmonia sinistra: é um retrato do Brasil que eu via na época que eu compus. A atmosfera da música vai se desanuviando aos poucos até chegar num frevo mais alegre. A segunda parte, mais lenta e sonhadora é como se fosse o contrário de um frevo: é uma música estática, onde o violino mantém um ostinato (um padrão que se repete) e a flauta da Léa e o piano do Fábio fazem uma grande melodia por cima). Essa melodia remete à vontade de um Brasil feliz e iluminado. Depois disso, volta o frevo, com alegria e esperança. 

Pé Desliza 4:56 (Xote) BRRZ72400008 

Ricardo Herz – violino e composição

Pedro Ito – bateria e percussão

Fábio Leandro – piano

Nesse xote eu imagino um casal dançando e improvisando voltas no salão, mudando de sentido, se surpreendendo. Conceber um xote instrumental pra mim é sempre um desafio: tem que ter cara de xote (não pode ser tão cabeça) mas tem que ter um tchans de desafio musical. Na o Pé Desliza, esse desafio vem das modulações que vão ficando cada vez mais caóticas. O solo é dividido entre piano e violino e a gente brinca com essas reviravoltas.