e Nelson Ayres

DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA

Não existe nada mais tradicional que o duo violino e piano. E não existe nada menos tradicional do que o incrível duo Nelson Ayres / Ricardo Herz.

Trilhando caminhos nunca antes imaginados, esses dois grandes músicos encaram o forró, o xote, o samba e o choro numa mistura de maestria e bom humor que já rendeu milhares de fãs mundo afora.

Nelson Ayres, é pianista, maestro, arranjador, compositor, referência na música instrumental e na formação de novos talentos. Ricardo Herz é reconhecido como o grande revolucionário do uso do violino na música popular. Duas gerações com muito em comum: formação, gosto pela improvisação, swing, fluência. 

É uma chance única de ver a tradicionalíssima formação violino e piano explorada de forma totalmente inusitada por esses dois ícones da música instrumental.

Segue um pequeno aperitivo para quem quiser conhecer essa dupla genial.

FOGO NO BAILE (Nelson Ayres) https://www.youtube.com/watch?v=QI3jowUSUJU

UPA! (Ricardo Herz) https://www.youtube.com/watch?v=-tQyZYVMacM

CD DUO completo https://www.youtube.com/watch?v=FJgSrEDu5MQ

NELSON AYRES é uma das personalidades mais importantes da música instrumental brasileira contemporânea. Durante dez anos foi maestro da Orquestra Jazz Sinfônica, e regeu inúmeras orquestra no Brasil e no Exterior, incluindo a prestigiosa Orquestra Filarmônica de Israel. Como pianista, pode ser encontrado liderando o NELSON AYRES TRIO, dividindo o palco com MONICA SALMASO, continuando a trajetória que vem desde 1978 do prestigioso quinteto instrumental PAU BRASIL ou participando dos mais prestigiosos Festivais europeus ao lado do saxofonista JOHN SURMAN.

Tocou e gravou com Benny Carter, Toots Thielemans, Ron Carter, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Edu Lobo, Simone, Nana e Dori Caymmi, Milton Nascimento, Gal Costa e muitos outros grandes nomes do jazz e MPB. Foi comissionado pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, para compor seu Concerto para Percussão e Orquestra, indicado para o Grammy Latino 2011 como melhor CD de música clássica.

RICARDO HERZ reinventou o violino brasileiro. Sua técnica leva ao instrumento o resfolego da sanfona, o ronco da rabeca e as belas melodias do choro tradicional e moderno. Com a influência de Dominguinhos, L. Gonzaga, E.Gismonti entre outros, o violinista mistura ritmos brasileiros,  africanos e o sentido de improvisação do jazz. No ano de 2021, Ricardo Recebeu o Prêmio Profissionais da Música em duas categorias: Artista Instrumental e Autor Instrumental. Estudou na renomada Berklee College of Music, nos Estados Unidos, e no Centre des Musiques Didier Lockwood, escola do violinista francês, uma lenda do violino jazz.

Em 2019, Ricardo lançou seu décimo álbum: Nova Música Brasileira para Cordas, este com a orquestra feminina de cordas cubana Camerata Romeu. Ricardo também tem dedicado parte de seu tempo no ensino e difusão do violino popular , tendo ministrado diversos cursos em festivais e recentemente lançou o primeiro método online de violino popular brasileiro. Ultimamente Ricardo tem colaborado como solista e como compositor com diversas orquestras nacionais e internacionais, tais como a Camerata Fukuda, Sphinx Virtuosi (USA), Camerata Romeu (Cuba).

O estado da arte do duo violino e piano 

Com o magnífico CD autoral de Nelson Ayres e Ricardo Herz 

“Os 70 anos e a vasta experiência de Nelson Ayres – arranjador, compositor mas sobretudo pianista notável – combinaram-se de modo virtuoso e original com o violino atrevido dos 39 anos de Ricardo Herz.
São onze faixas, e uma só conhecida – muito conhecida. É o clássico “Maracangalha”, de Dorival Cymmi. As outras dez são criações da dupla (quatro de Nelson, seis de Ricardo). 

O que mais impressiona nesta gravação ao mesmo tempo descontraída e muito densa do ponto de vista musical mais técnico é a constante interação entre os instrumentos. Eles “conversam”, se desafiam, propõem alternativas entre si. Enfim, fazem deste encontro um daqueles momentos memoráveis da música instrumental brasileira atual. 

Um exemplo? Um não, dois. A linda e lírica primeira faixa, “Céu de Outono”, assinada por Nelson Ayres, inicia-se com delicados saltos de oitava, passam para quintas – tudo com extrema serenidade, os acordes cheios do piano atapetando os vôos refinados do violino. Música de câmara pura. Curiosamente, a sexta faixa, agora assinada por Ricardo Herz, “Valsa Tímida”, começa com intervalos de quinta e em seguida de oitava, praticamente invertendo os intervalos de “Céu de Outono” – o clima é o mesmo, camerístico. ‘’

João Marcos Coelho, CD da Semana, portal da Cultura, Fundação Padre Anchieta. 26 março 2018